sábado, 8 de agosto de 2009

Sexta-Feira 13

Espero que náo seja tarde para falar de um dos grandes lançamentos do ano. Morar no interior é duro e nem sempre todos os melhores filmes chegam às poucas salas de cinema da cidade. Mesmo aqueles que parecem indispensáveis acabam, as vezes, só aparecendo por meio do bom e não tão velho DVD. Esse é o caso de Sexta-Feira 13, que só pude ver agora pelo motivo acima descrito.

No re-inicio da franquia, talvez a mais clássica deste sub-gênero de "filme de maníaco", somos apresentados a Jason, um perturbado e misterioso homem deformado que ataca sem dó e nem piedade jovens e turistas que aparecem pelas bandas de Crystal Lake. Suas origens, que demoraram três longas para serem contadas na franquia antiga, foi repassada em algumas cenas, dando dinamismo e levando o longa ao que interessa. Obviamente, a caça aos jovens bonitos e sarados que aparecem na região para curtir com os amigos.

E a sinopse não vai muito além disso. O roteiro desta nova apresentação não arrisca em ir além do básico. E isso parece ter sido um grande acerto. Não se tem a pretenção de explorar o psicológico, em se mergulhar nos traumas ou nas motivações de Jason. Ele foi, teoricamente, afogado quando criança, tem deformações no rosto e está seguindo a recomendação da mãe de matar quem ver pela frente. E pronto. O porque, o que ele sente, seu dia-a-dia, suas angústias... tudo isso não tem lugar no filme. Talvez em pequenas doses nas sequências mais do que vindouras.

Basicamente, há dois grupos que sofrem com seus ataques. No primeiro, cinco jovens acampam na região atrás de uma lendária plantação de maconha. Quando encontram a erva, também encontram Jason e... bem, não precisa dizer que será a última coisa que encontrarão. Algumas semanas depois, um outro grupo também vai passar um final de semana na região, desta vez na casa de um deles, e encontram um rapaz no meio do caminho. Logo se descobre que ele é irmão de uma das garotas do grupo anterior e que a procura. Não demora muito para que essa garotada sofra as mortes mais terríveis na mão do assassino e aos que vão sobrando resta somente tentar sobreviver. Simples assim, como nos bons e velhos tempos.

O longa tem uma dinâmica ótima e mostra um Jason um pouco menos sobrenatural e mais caracterizado como um verdadeiro caçador, bom não somente com o clássico facão, mas também com arco-e-flecha, machados e outras coisas que encontra pela frente. Agora ele corre, se esconde, prepara armadilhas e uma de crueldade e criatividade com suas vítimas. Não é somente um retardado psicopata. É um profissional. A direção de Marcus Nispel é bastante estilosa, com boa fotografia, cenas bem estruturadas e uma ótima direção de atores. Se de cada 10 personagens, sabemos que pelo menos 9 morrerão, o filme consegue dar uma certa individualidade para cada um, mesmo os com menos tempo de fita. E o mais importante nesse tipo de filme: Jason realmente assusta e a tensão é constante. Se em suas últimas e péssimas aparições foram símbolo de piada (eu ria muito cinema em Freddy vs Jason, o que assustou a senhora que estava do meu lado enquanto esguichava sangue da tela), desta vez o personagem ganha novamente o respeito que perdera depois de tantas continuações ruins. Depois de voltar tantas vezes, agora ele está de volta de verdade.

Sobre franquias recomeços, refilmagens, adaptações, re-adaptações, falaremos em um outro momento.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Pânico na TV e a ridicularização do outro

Não é novidade que o corpo, principalmente o feminino, é explorado na televisão de forma exagerada e sexualizada até o último nível. Minhas primeiras lembranças de programas de TV ainda são do programa do Chacrinha, e lá nos idos dos anos 80, as dançarinas e ajudantes de palco já apareciam semi-nuas, em coreografias não menos sensuais. Tenho certeza que em programas anteriores o fato se repetia e acabou se tornando algo tão corriqueiro que não se questiona mais programas de auditório, comédias ou de variedades que se utilizam de tal linguagem. E o programa Pânico na TV, da Rede TV! não foge à regra. A cada corte, a cada ida e volta ao intervalo comercial ou entre videotapes, a câmera está pegando as dançarinas de um ângulo ginecológico. E infelizmente, essa é a coisa mais normal que se poderia ter.

A erotização é algo que se utiliza, normalmente, para se alavancar a audiência. Se alguém está procurando algo para assitir na TV aberta (e tem que procurar bastante ultimamente), e sentir atração por mulheres, no mínimo vai deixar no canal para que, na pior das hipóteses, verá uma ou outra bunda rebolante. Não contentes, porém, os humoristas do programa encontraram um modo de mostrar um outro lado dessa erotização, criando um quadro chamado A musa da beleza interior, que na verdade não passa de uma forma de encontrar a pessoa que esteja mais fora dos padrões de beleza, geralmente na praia, e a expor ao ridículo e à humilhação de se exibir enquanto um animal grotesco, um monstro de quem se deve ter nojo. Infelizmente, a grande maioria das pessoas que participa do quadro são de classes mais pobres e, por ignorância ou inocência, sequer entendem pelo que estão passando, tornando essa exposição ainda mais ridícula ao se sujeitar aos caprichos dos tais humoristas.

Se a televisão há muito tempo dita modas e tendências, se afirma o que é bonito, o que é certo, o que é fino, agora faz questão de mostrar o quanto pessoas normais podem ser o oposto do que ela prega, aumentando ainda mais o abismo entre o que é cômico e o que é desrespeito. Não só com a pessoa que está expondo, porque infelizmente ela aceitou tal fato e provavelmente ganhou uma quantia considerável de dinheiro, mas principalmente com o espectador, que consome aquilo enquanto diversão às custas da falta de ética com o outro e a falta de respeito com o que lhe é diferente. Certamente, todas as pessoas que riem e apontam o dedo em frente a televisão odiariam passar por tamanha humilhação. Infelizmente, poucos se permitem refletir um pouco mais sobre o que estão rindo. E o espetáculo do desrespeito continua.
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