O mundo das drogas é algo comum a ser explorado pela TV e pelo cinema, seja pelo seu apelo jovem, seja como símbolo da decadência humana ou simplesmente para tirar sarro das situações de uma ação ilegal e contraventora e, ao mesmo tempo, símbolo de rebeldia. Exemplos como o denso Traffic ou o libertário Easy Rider não faltam e devem ser conferidos para leituras e re-leituras sempre. Quando o já cultuado diretor Daren Aranofsky (Pi, Fonte da Vida, O Lutador) lançou Réquiem Para Um Sonho, não estava fazendo juizo de valores sobre quem usava drogas. Com uma linguagem ousada e instigante, conta a história de quatro pessoas viciadas e como a dependência age em suas vidas. Três deles são jovens, sonhadores e inconsequentes, enquanto a quarta é uma senhora que, quando percebe uma possibilidade de participar de um programa de TV, se utiliza de anfetaminas para emagrecer e caber em um vestido que guardara há muito tempo.
Diferentemente de campanhas ou filmes sobre redenção, Réquiem Para Um Sonho não mostra o quanto a libertação das drogas pode salvar vidas, mas sim o quanto a dependência delas podem arruiná-las. Não há aqui a jornada do herói. Ninguém é chamado à aventura e vence os obstáculos para se mostrar capaz e recuperado. Ninguém termina em um bar com os amigos tonando guaraná e comendo salgadinhos às gargalhadas. É um filme cru. A jornada dos quatro personagens se mistura a partir de um ponto em comum e se mostra arrasadora a medida em que vai avançando na dependência das drogas, não só pelos efeitos físicos do vício, mas principalmente pelo efeito psicológico. O que um ser humano é capaz de fazer em um momento de desespero para conseguir aquilo que lhe dá prazer, ou que, pelo menos, tirá-lhe por alguns instantes os sofrimentos da dor?
Em um momento em que as drogas, sua liberação ou sua proibição e tudo o que cerca o mundo individual e coletivo da sociedade, Réquiem Para Um Sonho é atualíssimo. Suas cenas fortes e pesadas se mostram condizentes com a proposta do diretor. Não há conforto. Só dor. Em um mundo de prazeres particulares, o sofrimento deveria ser diferente?
Essa postagem é parte da Blogagem Coletiva proposta pelo blog CD - Lado B, da Bea, e o dia de hoje é o escolhido por ser o Dia Internacional de Combate às Drogas. Neste momento em que a sociedade discute a liberação ou não do consumo, há muito a se pensar do que simplesmente a escolha pessoa. Consumir drogas é uma escolha que envolve a todos