quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Brasilianas - Chuá Chuá e Casinha Pequenina (1945)


Durante sua passagem pelo INCE - Instituto Nacional de Cinema Educativo (para saber mais, acesse aqui um artigo sobre o órgão), Humberto Mauro teve a oportunidade de tratar em seus filmes o seu tema mais caro: o Brasil rural. O conjunto de curta-metragens
Brasilianas é comporto por alguns deles.
O primeiro dos filmes desta série, Chuá Chuá, como a própria onomatopéia anuncia, é uma homenagem às corredeiras calmas, de água límpida e movimento suave. A música popular que acompanha o curta dá o tom de tranqüilidade e as imagens praticamente ilustram a sua letra, acompanhando o ritmo sossegado do campo. Como o próprio cantor evoca, “a fonte 'canta' chuá chuá”. O ambiente é todo tomado de planos abertos, e mesmo as figuras humanas só estão lá como parte de um todo. O campo é o personagem principal e tudo, sem exceções, faz parte. Os planos próximos são direcionados única e exclusivamente no córrego, em várias tomadas diferentes. Um destaque importante são as gaiolas. Em um ambiente onde tudo parece estar em harmonia com a terra, com aquele “chão”, a limitação dos pássaros em pequenos espaços destoa do perfeito equilíbrio. A presença do homem, mesmo em um ambiente extremamente ligado com a natureza, se fizesse perceber.
Mesmo em Casinha Pequenina, onde o tema não é exatamente a moradia, mas sim o amor que lá nasceu, novamente há a referência do pássaro preso em uma gaiola. A música, quase que no mesmo ritmo calmo e suave da anterior, celebra o amor e, nesse momento, um casal de enamorados surge na cena, novamente como parte de um todo, mas interferindo. Carregam madeira cortada, certamente para o fogão de lenha. Diante à beleza do córrego, remetendo a Chuá Chuá, eles param e se prestam a deixar o trabalho de lado para poder namorar à beira d'agua. A corredeira, aliás, dita o ritmo e o movimento do lugar. O campo, a roça, o chão, a terra ilustram as canções populares tipicamente brasileiras. Em ambos os filmes, nota-se uma certa nostalgia do autor, remetendo a um tempo que parece ter passado. Ao mesmo tempo, tem-se a impressão de atemporalidade. Não há datamento dos elementos e o filme parece, mesmo nos dias atuais, um retrato da vida e do ritmo do campo.


Ficha Técnica
Título: Brasilianas: Canções Populares - "Chuá Chuá..." e "Casinha Pequenina"
Duração: 7 min
Ano: 1945
Gênero: Documentário
Cor: PB
Direção, Fotografia e Montagem: Humberto Mauro
Arranjo: Maestro Aldo Taranto

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ringu (Hideo Nakata, Japão, 1998)

Reiko Asakawa decide iniciar uma investigação sobre a misteriosa morte de um parente e descobre então que a possível causa é uma fita de vídeo que, ao ser assistida, estabelece um prazo de sete dias para o espectador morrer. Sua busca para descobrir a verdade sobre a tal fita se torna um desespero quando ela mesma, seu marido e seu filho também assistem ao vídeo e coisas estranhas começam a acontecer. É quando ela chega a Sadako, e ao conhecer um pouco da história do espírito que parece habitar o vídeo, tenta de qualquer forma passar pela maldição antes que o seu prazo termine.
Ringu, com uma produção modesta para os padrões dos filmes de grande bilheteria no mundo (cerca de US$1,2 milhões), vindos principalmente de Hollywood, foi um estrondoso sucesso no Japão, se tornando uma produção absolutamente crossmedia, já que consegue abarcar, além do próprio cinema com o filme original e suas continuações, também a TV e os quadrinhos, sem contar o romance no qual foi inspirado. Foi refilmado pela indústria norte-americana e se tornou ainda mais conhecido no ocidente, tornando-se inclusive um filme cult.
Como tem se tornado freqüente neste que acaba se tornando um gênero bastante marcante a cinematografia japonesa na atualidade, já que após Ringu houve outros filmes de relativo sucesso, que mais tarde também seriam adaptados para o cinema hollywoodiano, como as versões originais de Água Negra e O Grito, O Chamado trata de uma maldição sobrenatural, calcada em lendas urbanas muito conhecidas no oriente. Nesse caso, a tecnologia tem um papel fundamental, já que é o que se poderia chamar de “suporte” por onde a desgraça se propaga. Os sustos são marcantes e ininterruptos, ainda que a tendência do filme seja buscar a agonia do espectador sem a violência explícita com a qual estamos acostumados no grande cinema. Os efeitos digitais dão lugar a uma contínua tensão que dá o tom do terror. Os protagonistas não são os grandes salvadores do mundo, nem aqueles que irão destruir a ameaça para salvar a todos. Não há aqui uma tentativa de se vencer o mal. Somente se quer sobreviver a ele.



Título Original: Ringu
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 96 minutos
Ano de Lançamento (Japão): 1998
Estúdio: Omega Project / Kadokawa Shoten Publishing Co.
Distribuição: Toho Company Ltd.
Direção: Hideo Nakata
Roteiro: Hiroshi Takahashi, baseado em livro de Kôji Suzuki
Produção: Takashige Ichise, Shinya Kawai e Takenori Sento
Música: Kenji Kawai
Fotografia: Junichirô Hayashi
Desenho de Produção: Iwao Saito


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